Economia Municipal
- Rodolfo Correia de Castro
- 3 de jun. de 2016
- 3 min de leitura
Nos últimos dois anos, nosso país vem sofrendo com uma crise econômica que afeta todos os segmentos de mercado. Não diferente, nossa cidade sofre um reflexo direto dessa crise; como nossa economia gira em torno do comercio de mudas, ramo não considerado de relevância básica para a sobrevivência, estamos sentindo os efeitos colaterais com maior intensidade já a alguns meses.

Com influência direta da crise, o número de endividados vem crescendo de forma descontrolada, em pesquisa realizada pelo SPC Brasil, em conjunto com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), no mês de março de 2016, 700 mil brasileiros entraram no negativado, isto é, foram inseridos como inaptos à aquisição de financiamentos no cadastro de proteção ao crédito. No total, são 58,7 milhões de pessoas (39,64% da população) que estão na condição de inadimplentes.
Com isso os comerciantes de nossa cidade vêm passando por situações de dificuldade para conseguirem receber suas dívidas, levando-se principalmente em conta a falta de informação e instrução sobre como devem proceder na hora de realizarem suas vendas a prazo, prática comercial muito utilizada ainda hoje por nossos comerciantes.
A mais de 1 ano atuando como advogado, e acerca de quatro meses atuando especificamente no ramo de cobranças, após ter fundado a ARCA – Assessoria em Recuperação de Créditos e Ativos, consegui perceber as principais falhas de nossos comerciantes na hora de realizar a venda.
Cadastro de clientes
Muitos não mantêm um cadastro com os dados mínimos de seus clientes, fato que dificulta em muito as posteriores cobranças quando necessário. Nome completo, CPF, identidade, endereço, telefone são dados mínimos para localização do cliente, e que também são essenciais caso seja necessário realizar a negativação ou posterior cobranças judiciais. Além desses dados, existem diferentes peculiaridades para cada ramo de comercio, que devem ser coletados de acordo com a forma de trabalho de cada comerciante e suas necessidades. Um cadastro bem realizado é essencial para o sucesso das fases futuras as vendas.
Cheque
Como venho observando a utilização dos cheques é muito corriqueira para os comerciantes de mudas de nosso município. Porém ao trabalhar com essa forma te pagamento deve-se ter muito cuidado, apesar de ainda ser largamente aceito o cheque é umas das principais reclamações em relação ao não recebimento das dívidas, existindo milhares de reais perdidos por falta de orientação na hora de receber o cheque. Para o recebimento judicial o cheque enquadra-se dentro de um tipo de ação de trâmite mais rápido, entretendo deve-se observar os seguintes pontos:
O protesto em cartório ou a ação judicial devem correr na cidade de emissão do cheque, grande problema para os vendedores que trabalham nas mais diversas cidades do brasil;
Não adianta apenas a assinatura no verso do cheque se depois não serão encontrados nunca mais;
A ação de execução de cheque deve obrigatoriamente ocorrer no máximo 6 meses após a apresentação do cheque;
Após o prazo de 6 meses, ainda existe possibilidade de recebimento, porém torna-se mais trabalhoso e demorado, muitas vezes sendo necessário a apresentação de nota fiscal comprovando a venda da mercadoria;
Nota promissória
A nota promissória ainda é pouco utilizada no comercio de nossa cidade, porém torna-se uma boa solução para os comerciantes que vendem localmente e preferem utilizar o velho bloco de balcão. O “bloco de balcão” apesar de ser uma forma de comprovação da dívida, torna-se de difícil cobrança judicial, o que faz o comerciante quase sempre desistir de receber suas dívidas. Existe nas mais diversas papelarias, um modelo de bloco que já possui anexo a cada folha uma via de promissória, o que facilitaria em muito a vida do comerciante, pois as regras de recebimento da nota promissória também são mais céleres assim como as do cheque, devendo seguir as mesmas regras na hora da cobrança.
Com o pouco período de atuação no mercado de Dona Euzébia, consegui perceber essas como as principais falhas, que trazem por consequência um endividamento geral da população, todos em nossa cidade devem mudar os velhos hábitos trazidos do passado, onde os comerciantes podiam confiar em todos seus clientes simplesmente anotando de forma desorganizadas as dívidas. Apesar de ainda morarmos em uma cidade pequena nosso principal ramo comercial envolve lidarmos com pessoas de todo o país, nós obrigando assim a nos precavermos e mudarmos nossos antigos hábitos de cidade pequena.